RIBEIRA, NOVOS HORIZONTES

Forum de opinião e debate da vida quotidiana da Ribeira

Name:
Location: Ponte de LIma, Viana do Castelo, Portugal

Tuesday, October 30, 2007

AS INTERMITENCIAS DOS TURCOS DE CRASTO (3)

Desenhos de Alfredo Mancio

As memórias da II Guerra Mundial, ainda estavam bem vivas na mente daqueles que, graças à sua condição podiam aceder à informação, mas todos sofriam as consequências do conflito mundial, apesar do não-alinhamento de Portugal, os portugueses sentiram na carne as dificuldades desses tempos de pós – conflito.

A Ribeira vivia pacatamente, sem grandes acontecimentos que merecessem importância, se bem que o povo de Crasto, já começava a sentir saudades dos tempos em que o largo da devesa, em frente à capela da Cruz de Pedra era palco da Turquia.

Nas tabernas do lugar e nos bancos do largo, recordavam-se esses momentos e contavam-se peripécias de representações anteriores, sem que alguém tivesse a coragem de assumir o encargo de tal empreitada.

No início da década de 50, veio viver para o lugar de Crasto, Abeilard Morais, tendo-se instalado na Quinta da Portela, propriedade de Júlio Pereira Pinto, que foi comandante dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima; Hoje pertença dos herdeiros de António Fernandes Seco, natural da Lousã e que fez fortuna no comércio de azeite nos anos que se seguiram à guerra, ficando conhecidos como “os azeiteiros do arrabalde “.

Abeilard Morais acabava de regressar do ultramar, mais propriamente de Angola, onde ocupou o cargo de chefe do posto administrativo.

Durante as muitas conversas que manteve no largo, tomou conhecimento de que já não se realizava a Turquia há muito tempo.

Com a ajuda dos amigos, Aníbal da Cruz, Tio Licas e o Bota dos Alfanados, lá conseguiram arranjar umas folhas velhas e desordenadas do velho Auto dos Turcos, depois de as copiar e organizar, foram distribuídas pelas personagens, começando desde logo os preparativos para a representação.

Os ensaios decorriam à luz de candeeiros a petróleo e petromax, na quinta do Curinheira, ali mesmo ao lado do largo onde iria ser a representação.

No dia 10 de Agosto, domingo do ano de 1952, pelas 16 horas, ouviu-se um grande estrondo de morteiro e eis que logo se ouve o Rei Cristão perguntar: Que estrondo é que ouvimos?...respondeu-lhe o capitão: - São os Mouros com soberba que nos vem desafiar p´ra connosco terem guerra!

Assim começou mais uma das míticas representações do Auto dos Turcos de Crasto

O largo estava cheio de gente, que de todo o lado tinham invadido o lugar, da Vila, Refoios, Feitosa, Correlhã até de Viana tinha chegado gente, naquele dia não havia preconceitos, ricos e pobres lado a lado para ver o desempenho dos Turcos de Crasto.

Os vigias estiveram soberbos, com um desempenho de tal ordem que não houve viva alma que não se tivesse rido a bandeiras despregadas, quando estes rebolaram no chão disputando a chouriça que tinha saído da “bota” do turco.

E quando eles se regalavam com o vinho, trazido no Cornió?

Foi um sucesso ainda hoje recordado no lugar esta representação de 1952.

Foram homens, como Abeilard Morais, João Rodrigues de Sousa e tantos outros, que de uma forma empenhada e dedicada conseguiram manter viva tão orgulhosa tradição, contribuindo dessa forma para o engrandecimento da sua Turquia, que não é país.

Saturday, October 20, 2007

VIAS DE COMUNICAÇÃO - AS VIAS ROMANAS NA RIBEIRA


A presença Romana nesta região é por demais evidente, o que atesta a importância que ela representava para aquele povo.
Ainda hoje podemos encontrar vestígios, na nossa freguesia dessas velhas estradas romanas.
Eram vias secundárias, mas nem por isso deixa de ser importante referir esses caminhos velhos, calcorreados pelos nossos antepassados e que contribuíram para o desenvolvimento e progresso desta terra.
Assim, na freguesia da Ribeira, a mais importante dessas vias era a que saindo de Ponte de Lima, junto à capela de S. João, passava por entre os quintais; Podemos ainda hoje encontrar vestígios desse tempo – na propriedade do Conde D´Aurora, existe uma porta virada para o caminho, que remonta a essa época – circundava esta propriedade e passava ao lado da “ Casa Amarela”, junto aos muros da Casa dos da Garrida, seguindo em direcção ao Ribeiro de Serdedelo, sem antes passar ao lado da Casa de Crasto.
O ribeiro era transposto por meio de uma ponte romana, denominada a “ Ponte Velha de Crasto”, de ligeiríssimo cavalete, lajeada à antiga, com guardas apenas do lado montante; Comprimento da parte lajeada, 19,50m, abertura do arco 2,70m, altura do arco 1,30m e largura da ponte 5,10m, foi esta ponte aterrada com a passagem da Via do Foral D. Teresa, nessa altura o Sr. Carlos Lima, proprietário da Quinta em frente, manifestou bastante desagrado, por ter sido destruída essa ponte, seguindo depois em direcção ao largo da Cruz de Pedra, passando pelos Curvais e Regedouro, era formada por calçada e passadouro, na década de 80, este troço, foi aterrado deixando de se poder ver esse passadouro.
Já perto da Cruz de Pedra, juntava-se com outra, que vinha de Vila Verde e passava na ponte dos Alfanados, onde o mesmo Ribeiro de Serdedelo era atravessado por outra ponte, esta com um só arco, com silharia siglada.
Tem de abertura 3,80m, pavimento recto com lajes inteiriças mais largas do que a ponte, de 3,60m, esta ponte sofreu uma “ intervenção desastrosa “ por parte da Junta de Freguesia, podendo no entanto ver-se o arco original.
Da Cruz de Pedra, depois de curvetear por meio dos campos, ia sair à Rocha, junto a um cruzeiro existente e que procurava rememorar o triste fim que teve o jovem “ António José Carvalho, que foi morto com idade de 28 anos, a 14 de febreiro de 1873”, assim se pode ler na inscrição que a mesma possui.
A estrada velha seguia pelo leito da nova e um pouco mais acima, inflectia para a esquerda, passando por meio dos campos.
Passava no lugar da casa nova, junto a uma antiga forja da família Leitão, depois metia pela direita e seguia pelo troço da estrada velha, como ainda hoje é conhecida já no lugar de talharezes, seguindo em direcção à vizinha freguesia da Gemieira.

Bibliografia:
Caminhos Velhos e Pontes de J.R.Araújo

Wednesday, October 17, 2007

VAMOS VOTAR EM FERNANDO PIMENTA!



A Gala do desporto de Portugal premeia os melhores desportistas do ano. estão a decorrer as votações para a Gala 2007. Entre os nomeados está o limiano Fernando Pimenta, nas categorias revelação e atleta masculino do ano.
Vamos ajudar o Fernando a vencer. Bem o merece, apesar da concorrência de peso (Cristiano Ronaldo e Nelson Évora para Atleta do Ano e João Moutinho para revelação).
Basta aceder aqui.

Resumo Biográfico

Nome - Fernando Pimenta
Data de Nascimento/Idade - 13 de Agosto de 1989 - 18 anos
Naturalidade - Ribeira - Ponte de Lima
Clube - Clube Náutico de Ponte de Lima
Modalidade - Canoagem

Resumo Curricular (aspectos mais relevantes) -
Campeão Nacional de Pista K1 1000 metros Júnior em 2006 e 2007
6º Lugar no Campeonato do Mundo de Juniores em K1 1000 metros em 2007
6º Lugar no Campeonato do Mundo de Juniores em K1 1000 metros em 2007
5º Lugar no Campeonato do Mundo de Juniores em K1 500 metros em 2007
Medalha de Ouro no Campeonato da Europa de Juniores em K1 1000 metros em 2007
Medalha de prata no Campeonato da Europa de Juniores em K1 500 metros em 2007

Três Palavras-Chave que definem o Jovem Promessa: Humilde, Espírito Ganhador, Determinação

Tuesday, October 16, 2007

SOLARES DA RIBEIRA - CASA DE CRASTO

Hotel Image

RIBEIRA - AS VIAS DE COMUNICAÇÃO


A ESTRADA FLUVIAL DO RIO LIMA

O Rio Lima, ou Lethes como lhe chamaram os Romanos, sempre desempenhou um papel importantíssimo na vida das populações que se formaram nas férteis terras que o ladeavam.

Esta via de comunicação, poderia considerar-se na época uma autêntica auto-estrada para escoamento dos produtos desta região.

Os habitantes dos castros, no período Pré – Romano, produziam cereais, que trocavam por outros produtos, que chegavam a estes locais por água – arriba.

No período romano, é sabida a cobiça que o rio despertava em Roma, ao ponto de correr a lenda de que a areia do rio lethes, estava cheia de ouro, bastando peneira-la para que o mesmo fosse recolhido.

Sabendo-se da penúria em que o Império Romano ficou depois das guerras com Cartago, a noticia desta riqueza por estas bandas, logo despertou em Roma a cobiça de a possuir.

Mais tarde, o Rio Lima deu nome ao lugar de Ponte, cujo termo era a freguesia da Ribeira, mais tarde Ponte de Lima.

O país expandiu-se, sucederam-se Reis e Rainhas, os portugueses lançaram-se à conquista dos mares, desenvolveu-se o comércio e a agricultura e o rio era o canal por excelência para escoar os produtos para Viana do castelo, que depois seguiam para o mundo, por via marítima.

Os barcos utilizados para transportar os produtos, como o vinho, madeira, cal, carvão, sal e mais tarde até animais vinham e iam em dia de feira de ponte, eram designados de água-arriba.

Estes barcos tinham grandes dimensões, com um grande mastro ao meio, medindo entre os 12 e os 18 metros de comprimento, com uma borda ou pontal de 1 metro e uma largura ou boca de 3,5 metros, esguios na proa e popa, navegavam à vela e à vara.

Aproveitavam as mudanças das marés e as correntes, para navegarem rio acima, rio abaixo, desde Viana a Ponte da Barca.

Nessa época destacaram-se os mestres barqueiros, como Ponte Nova e os Morenos, como os mais importantes transportadores de mercadorias pelo Rio Lima.

A importância do rio lima, para esta freguesia foi de tal modo relevante, que o mesmo foi integrado no escudo de armas ou brasão da Ribeira.

Hoje não existem mais, do que recordações desses tempos e uma ou outra fotografia dessa época; Os barcos desapareceram.

O rio perdeu a importância de outros tempos, as estradas e os modernos meios de transporte, encurtaram distancias, os barcos e o rio, que na lenda era do esquecimento, está hoje esquecido e abandonado, sem merecer este desrespeito.

Bibliografia

João Baptista

“Embarcações portuguesas do Minho ao Lima” Apontamentos de memórias

Sunday, October 14, 2007

FONTES E FONTENÁRIOS DA RIBEIRA

A FONTE DA VEIGA

Ao fundo da “Quinta dos Fortes ou do Carvalhal”, propriedade de António Vieira Lisboa, poeta e presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima, ficava a “fonte do piolho”, como também era conhecida.

Situada ao fundo da quinta, colocada junto ao muro à sombra de uma carvalheira, com os campos a seus pés, formada por bica de pedra um pouco tosca, dela saia uma água tão fresca, capaz de causar um refreado ao sôfrego que a bebesse.

Durante anos a fio, décadas ou até mais matou a sede a rebanhos de gente, que durante as horas de maior pico de calor do verão, enxameavam os campos da veiga.

Na época em que não ficava um palmo de terra por cultivar, esses rebanhos de homens e mulheres, ora a sachar, ensomar ou desfolhar, sempre ao ritmo de cantigas que entoavam ao despique de uma e outra margem do Rio Lima, socorriam-se da água desta fonte, para refrescarem a goela do esforço dispendido nesses trabalhos.

Recordo-me muito bem, era eu ainda criança de escola, com os pés nus a andar sobre aquela terra-pólvora, que aquecida pelo sol, escaldava mal era pisada, obrigando-nos a correr para não sentir a dor na carne tenra daqueles pés de criança.

Nesse tempo, o trabalho de um rapaz de escola, filho de Lavradores, que nos campos da veiga colhiam o Pão que nos havia de sustentar todo o ano, era transportar água dessa fonte, para matar a sede aos corajosos trabalhadores, que desafiavam a natureza, esforçando-se em obrigar a terra a produzir.

Na década de 80, com a construção das primeiras casas do bairro J. Alves, os trabalhos de terraplanagem sufocaram-lhe a nascente e daí em diante jamais a fonte exerceu a sua nobre função.

Na década seguinte, o abandono progressivo do cultivo dessas terras, a incúria e o desleixo, permitiram que o mato e as silvas se encarregassem de sepultar a Fonte da Veiga, sem a dignidade que merecia.

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SOLARES DA RIBEIRA - SOLAR DA QUINTA DA ALDEIA - CRASTO


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Saturday, October 13, 2007

90 Anos de Culto Mariano em Portugal, 40 após a inauguração do Monumento a Cristo Rei na Ribeira




Nova igreja  é inaugurada em Fátima A Igreja da Santíssima Trindade custou 70 milhões de euros
Interior da igreja da Sª Trindade-Fátima

Foi ontem inaugurada em Fátima a nova igreja da Santissima Trindade pelo Secretário de Estado do Vaticano, na cerimónia o estado Português fez-se representar pelo Presidente da Républica e pelo Presidente da Assembleia da Républica.
Esta igreja é considerada a quarta maior da Europa, custou aos fieis cerca de 70 milhões de euros, tem capacidade para 9000 pessoas sentadas e é uma obra da autoria do Arquiteto Grego, Alexandros Tombazis.
Com esta inauguração, a Igreja Católica Portuguesa comemora os 90 anos das aparições em Fátima.

Tambem este ano se comemora a passagem dos 40 anos da inauguração da capela de Nª Sª de Fátima, instalada no Monumento a Cristo Rei, que esta freguesia construiu junto ao cemitério e cujo principal impulsionador foi o anterior padre, o Revº Parº Manuel Joaquim Gomes.

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RIBEIRA - NO ESPAÇO E NO TEMPO



Como terá surgido a Ribeira?

Esta é uma pergunta que muitos terão já feito e que incomoda quem não se conforma, querendo saber a razão das coisas.
No entanto, para desespero dessas mentes inquietas e duvidosas, não existe uma descrição ou data precisa, que explique como terá surgido este aglomerado de pessoas, que partilham o mesmo espaço, vivem segundo os mesmos modos e partilham as mesmas tradições.
Sabe-se no entanto, que estas terras que hoje pisamos foram desde tempos remotos ocupadas por antepassados nossos.
Existem relatos, de que as mesmas, sempre despertaram a cobiça de outros povos e civilizações, sendo certo que o seu preço, muitas vezes era o valor da própria vida.
Na Ribeira, existem registos de vestígios que permitem concluir que estas terras foram ao longo dos anos habitadas por muitos e variados povos.
Com as condições naturais, que o relevo apresenta, facilmente o homem antigo, encontrou neste local, os meios necessários à sua instalação e subsistência.
Recuando no tempo até ao período Pré-histórico, encontramos relatos de descobertas que nos dão conta da presença do homem por estas terras.
- Na zona da Veiga de Crasto, mais propriamente perto da capela do Bom Sucesso, o padre Manuel Dias, encontrou um biface de quartezite, que se apresenta inteiramente lascado, com pouco desgaste e cor amarelada, pesando 400gr.
Pertence esta peça ao Acheulense antigo.
- No mesmo local, encontrou um instrumento quase uniface, apresentando-se muito desgastado, também de quartezite e está patinado de amarelo, pesando 500gr.
- No lugar da Cancela, foi encontrado um outro biface, também de quartezite, mas de cor cinzenta, com o peso de 675gr.
Recordemos que os povos nesta época eram nómadas e dedicavam-se essencialmente à caça, de onde obtinham os alimentos e os agasalhos.
No período Neolítico, o homem perdeu a característica nómada, fixando-se em determinados locais, dedicando-se à agricultura.
De caçador, passou a pastor.
Uma das características destes povos era a prática e uso que tinham de enterrar os seus mortos juntamente com os seus objectos de uso pessoal.
Estes sepulcros eram designados por mamouas.
- Perto da Fonte dos Alfanados, no outeiro dos casais, em Crasto, encontrou o padre Cunha Brito, uma mamoua, com 11 metros de comprimento e 3 palmos de altura.
- No Pinhal dos Carreiros, apareceram oito mamouas, tendo a maior de todas, 2 metros de altura e 22 metros de diâmetro.
Na Idade do Ferro, que chegou à península ibérica entre 1000 e 900 A.C. pela mão dos Fenícios e Celtas.
Os povos, neste período habitavam no cimo dos montes, formando Castros.
Os moradores desses povoados, agrupavam-se em tribos e dedicavam-se à agricultura e pastoreio.
Os animais, alem do alimento, forneciam ainda a força necessária para puxar os carros e arados.
A arte deste povo, chegava a confeccionar alguma ourivesaria, de onde se destacavam os Torques, destinados aos chefes, bem como pulseiras e anéis.
Possuíam teares, fiavam o Linho e fabricavam cestos.
Existia já algum comércio, fazendo trocas de produtos entre si.
Eram óptimos guerreiros, usando escudo e punhal.
Os moradores destes castros viviam em luta permanente entre si.

A que raça pertenciam os moradores dos Castros?

Tudo leva a crer que o povo primitivo da Ibéria, denominado de Iberos, foi subjugado pelos Celtas, que eram originários do centro da Europa e da fusão destas duas raças, surgiram os Celtiberos.
Na Grécia e em Roma, este povo era conhecido pelos Calaicos ou Galaicos, conforme surgem em alguns relatos de escritores e viajantes destes impérios que por cá passaram.
Por volta do ano 137 AC, os Galaicos ou Galegos, defrontaram-se com as Legiões Romanas que lhes vieram disputar terras e haveres.
Apesar da forte resistência que foi dada, o poderio do exército invasor, autentica máquina de guerra, o império Romano conseguiu, à custa de muitas vidas, impor o seu domínio, embora a terra estivesse enlameada de sangue.
Os Galegos impuseram aos Romanos derrotas sobre derrotas, espezinhando o orgulho ao melhor exército do mundo.
A resistência foi tão forte e tão heróica, que Décio Juno Bruto, o general terminador da campanha passou para a história com a alcunha do “Galaico”, tal honra advinha de ter sujeitado este nosso pedaço de terra.
Com a chegada dos Romanos à península, sofreram os efeitos da Romanização, surgindo neste período as telhas ou tégulas.
Na freguesia da Ribeira são várias as referencias na toponímia, que atestam da presença romana na mesma.
Desde as obras que deixaram, muitas delas ainda existentes, como as pontes de arco redondo (romano), como a dos Alfanados no Lugar de Crasto, bem como os vestígios existentes na igreja paroquial.
São abundantes os topónimos, derivados da palavra latina “Castrum”:
- O Lugar de Crasto.
- O Castro do Mau vizinho.
Mas encontramos outros que derivam da palavra latina “ Castellum”:
- Monte do Castelo.
O nosso conterrâneo, António Pereira Cardoso, juntamente com alguns seminaristas da freguesia, encontraram no Castro do Mau vizinho, no Monte do Castelo, casas de planta circular, tendo uma delas 7 metros de diâmetro, várias tégulas, pesos de tear, metade de uma mó manual…
Em jeito de conclusão, A freguesia da Ribeira e os montes das cercanias, desde sempre foram calcadas, sulcadas e disputadas por povos que lhe foram dando a forma e a importância que hoje possuímos.

Bibliografia consultada
Maria de Fátima Silva Melo
“Arqueologia do Concelho de Ponte de Lima
Faculdade de letras de Lisboa 1967”
Adelino Tito de Morais
“São João da Ribeira, síntese arqueológica e roteiro de casas antigas
ADERIR, 1991”
José Rosa de Araújo
“Como teria nascido a feira e a vila de Ponte de lima?
Câmara municipal de ponte de Lima e CER – Centro de Estudos Regionais 1985 “

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Tuesday, October 9, 2007

HOMENAGEM A UM COMBATENTE DA LIBERDADE

Che.
10/8/2007

Passam hoje 40 anos sobre o dia em que foi morto na Bolivia Ernesto "Che" Guevara. Em ´La Higuera, no sudeste boliviano, juntaram-se milhares de pessoas para homenagearem a sua memória. Na sua imensa maioria jovens que ainda não tinham nascido quando o Che foi morto. De muitos países. Hoje lá estará também o Presidente (eleito!) da Bolivia, Evo Morales. Sei que na memória do Che há aspectos menos estimaveis (participação na repressão aos opositores do poder fidelista), mas não é por isso que deixa de ser uma grande figura do seculo passado. Um homem fiel, até às ultimas consequencias, aquilo em que acreditava. Um combatente desapegado de benesses ou prebendas do poder. Che.

"extraido do blog joão soares"

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RIBEIRA - NO TEMPO E ESPAÇO

O COUTO DE PARADELA:

CONTRIBUTO PARA O ESCLARECIMENTO DA HISTÓRIA


É impossível falar sobre “O Couto de Paradela”, dissociando-o da história da freguesia da Ribeira, pois os caminhos cruzam-se.

Embora existam referencias bastante antigas, dando conta da existência do referido Couto; Aturadas pesquisas permitiram concluir que na verdade, o mesmo nunca existiu, mas sim um conjunto de terras que tiveram algum privilégio, mas não constituíam um couto. (*)

Assim, Bermudo II, Rei de Leão e das Astúrias, filho bastardo de D. Ordonho III, que era casado com D. Elvira, do Condado Portucalense, obrigou o seu primo RamiroIII, a dar-lhe as terras que possuía na Ribeira Lima.

Em 985, Bermudo II e sua Mulher, doaram as referidas terras de Crasto, de Casais em S. Tiago da Gemieira e Paradela em S. João da Ribeira, ao seu vassalo, o Conde D. Telo Alvites e mulher Dª Muma, como agradecimento pelo esforço que estes lhe prestaram durante as guerrilhas que manteve contra D.Ramiro.

Sem geração, os condes doaram os bens ao Mosteiro de S. Paio de Antealtares, da ordem de S. Bento em Santiago de Compostela.

Em Março de 1063, os monges beneditinos, pedem a D. Fernando de Leão, privilégios para as terras da Ribeira Lima, com o intuito de construírem um cenóbio em Mazarefes.

A ordem beneditina conservou estas terras durante muitos anos na sua posse.

No reinado de D. Fernando de Portugal, os monges entram em litígio com o Abade Geral da Ordem em Compostela, a pretexto de que o mesmo era partidário das hostes de D. Henrique rei de Castela, que lutava contra Portugal.

Sem rendimentos dessas terras durante muitos Anos decidem vende-las a Mendes Barredo, Alferes-mor do Rei Afonso V, filho de Gonçalo Pereira, que tinha casado com uma parente, Dª Maria Pereira.

Como estes não tiveram filhos, estas terras e todos os privilégios das mesmas, passam para a posse do seu parente Diogo Pereira, filho de Lopo Rodrigues Cerveira, casado com Dª Brites Pinheiro, neta do Alcaide de Vila nova de Cerveira e sua mulher, Dª Maria Pereira, irmã do Condestável D. Nuno Alvares Pereira.

Diogo Pereira, senhor de uma enorme fortuna, recebia dos seus caseiros, ¼ de todos os frutos, incluindo madeiras.

Este fidalgo, usufruía ainda do direito de nos seus domínios, ninguém poder construir casa com sobrado, bem como possuir Lagar ou Eira.

Nunca chegou a casar, mas teve um filho da sua amante “ Madurara”, a quem foi dado o nome de Fernão Pereira, que herdou de seu pai as fazendas, coutos e padroados.

Foi seu único filho, Martin Pereira, herdeiro de avultada fortuna, tendo deixado todos os seus bens ao filho, Jorge Pereira, senhor da casa Real, casado com a limiana Dª Isabel Pires, filha de Gonçalo Pires Cerqueira, feitor dos direitos reais da ilha da Madeira, casado com Dª Leonor Malheiro.

Foi um dos seus filhos Gaspar Pereira Chanceler – mor do Reino, senhor dos coutos de Mazarefes e “ Paradela”e dos padroados das igrejas de S. João da Ribeira e S. Tiago da Gemieira, casado com Dª Catarina de Paiva.

Aproveitando-se dos altos cargos que exercia no reino, obteve permissão para colocar um mordomo, no “Couto de Paradela” para olhar pelas novidades, tendo este privilégio terminado com a sua morte.

Estas terras passaram mais tarde para a posse de Nuno Alvares Pereira, que lutou ao lado do rei D. Sebestião em Alcácer Quibir, onde foi feito prisioneiro.

Chegamos então, ao proprietário das terras de Paradela, o Fidalgo Rui Pereira, solteiro, senhor de Mazarefes, celebre pelas suas actividades criminosas, de que se destaca o célebre assalto ao Paço de Vila Fria, onde cortou o nariz a Isabel da Silva, moça abastada, por quem se roía de amores.

Rui Pereira, dizendo-se senhor do “ Couto de Paradela”, obrigava os moradores a trabalhar para si, não permitia que ninguém construísse casa ou muros, derrubando tudo, sempre que os moradores não acatassem as sua disposições.

Não deixava que os moradores pudessem possuir Lagar ou Eira, sob pena de incorrerem em desobediência, sujeitando-se às consequências que foram descritas.

Fartos destas imposições, os moradores de Paradela, resolveram libertar-se do jugo deste fidalgo, recorrendo aos Vereadores e Procurador da Vila de Ponte de Lima, a cujo seu termo pertencia esta freguesia, obtiveram a provisão Régia, dada em Madrid, a 5 de Agosto de 1590, para o Corregedor da Comarca citar Rui Pereira e obriga-lo a apresentar os títulos em que se fundava para se dizer senhor do Couto de Paradela.

Mas, quando chegou a notificação, já Rui Pereira estava longe do país, fugindo à pena a que tinha sido condenado, por sentença de 12 de Dezembro de 1590, pela prática do assalto ao Paço de Vila Fria.

Tinha embarcado, juntamente com um primo Jácome Pereira, no porto de Viana, a bordo da Nau S.Salvador, que fazia carreira para a Índia.

Morreu devido a um naufrágio, no Cabo da Boa esperança.

Foi então seu irmão, Nuno Alvares Pereira, homem de enorme talento, que foi citado para apresentar os referidos títulos e nos seus mentirosos embargos, declarou que, seu pai, seu irmão e ele, nunca exerceram actos de jurisdição em Paradela!

Em face desta confissão, declarou que não era senhor do Couto de Paradela, mas de fazendas e herdades naquela aldeia, que de Couto tinha só o nome.

O Corregedor, por sentença de 6 de Janeiro de 1598, decidiu o pleito a favor dos vereadores de Ponte de Lima, tendo essa sentença sido confirmada pela Relação do Porto em 29 de Maio de 1599 e pela Casa da Suplicação, a 3 de Janeiro de 1600.

Nos dois séculos seguintes, as propriedades mantiveram-se sempre na posse da família, com lutas entre si pela posse das mesmas.

Já no século XIX, em Paradela restava apenas uma notável casa com torre e quinta, que devido à acção do tempo se encontrava bastante arruinada.

A propriedade, foi adquirida pelo abade da freguesia, o Padre João Coelho de Araújo, ao Conde de Azevedo a quem pertencia, correndo um boato, de que a mesma tinha sido trocada por um livro valioso e raro que o abade possuía.

Não está suficientemente documentado para que se possa atestar a veracidade do mesmo, contudo sabe-se do gosto e a predilecção do Conde de Azevedo pelos livros e alfarrábios, o que pode de algum modo dar algum fundamento ao mesmo.

O padre Coelho de Araújo, mandou derrubar a casa e torre, para com as pedras que dai retirou, poder construir muros na sua propriedade que possuía junto à igreja paroquial.

Ainda hoje, a Quinta da Torre, é também conhecida pela Quinta do Privilégio, actualmente na posse da família Dias, com a alcunha de “Balaia”.

Mosteiro de S Paio de Antealtares

(*) Terra que não pagava impostos por pertencer a um nobre, privilégio, abrigo

Bibliografia:

Almanaque ilustrado do comercio do Lima, 1924 e 1933

A Igreja Paroquial de S. Nicolau de Mazarefes, texto de Porfírio P. Silva

Ponte de Lima no Tempo e no Espaço, Matos Reis, 2000

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Friday, October 5, 2007

DUAS FIGURAS POLITICAS DA RIBEIRA

A freguesia da Ribeira, tem ao longo dos Anos assistido a inúmeras lutas de poder, com políticos mais ou menos fervorosos, partidários de uma e outra causa, procurando obter os melhores resultados para os partidos onde militam.

Nesta freguesia destacaram-se em tempos, que o tempo fez esquecer, duas figuras, que para alem das suas virtudes e elevado carácter, deixaram uma marca na vida e história desta terra.

- O Padre António José Fernandes, filho de honrados lavradores desta freguesia, que ordenado sacerdote em Braga, ainda novo, veio para a sua terra exercer o sacerdócio, tendo como paróquia a vizinha freguesia da Feitosa, onde se manteve durante muitos anos, gozando sempre de uma enorme admiração popular, com os seus paroquianos a considera-lo como um amigo.

Tinha a sua casa e bens, que não eram poucos, nesta freguesia, estendendo-se os mesmos desde Crasto até à vizinha freguesia da Gemieira.

O Padre Cancela, como também era conhecido, por ter a sua casa no lugar da Cancela, ainda hoje na posse de familiares, era um Regenerador (*) profundamente convicto, tendo por isso movido uma profunda e assanhada luta politica ao então abade da freguesia.

Apesar de amigos pessoais, o padre Cancela, não dava tréguas ao seu colega, a quem conseguia arrancar expressivas e importantes vitórias, sempre que havia um acto eleitoral, para satisfação dos seus chefes partidários, António de Magalhães e José d´Abreu Coutinho, que o recebiam de forma efusiva na sede do partido nas Pereiras.

- O Padre Joaquim José Gonçalves da Silva, também ele natural de Ponte de Lima, veio ainda novo exercer a sua missão pastoral ao ser designado para paroquiar a freguesia da Ribeira.

Progressista (**) até ao tutano, sempre dedicado e fiel a Vieira Lisboa e Sotomaior, sustentou por muitos anos lutas encarniçadas por ocasião das eleições, com o padre cancela de quem era amigo.

Foi este período agitadíssimo em lutas politicas neste concelho, com partidários de uma e outra causa, empenhados em obter os melhores resultados, de modo a satisfazer os interesses em confronto.

(*) Regeneradores _ partidários do partido regenerador, existente no tempo da monarquia, de tendências conservadoras e que vai do reinado de Dª Maria II, até à Republica.

(**) Progressistas partidários do partido Progressista.

Wednesday, October 3, 2007

A RIBEIRA DE OUTROS TEMPOS-UMA OBRIGAÇÃO DA CÁMARA

Folheando o velhinho Almanach illustrado do Comércio do Lima, de 1907, deparamos com uma interssante curiosidade, uma regalia de que a nossa freguesia gozava desde tempos imemoriais e que demonstra a importancia da mesma nesse tempo.
Decidi transcreve-la, para que todos possam partilhar dessa noticia.
Uma obrigação da camara
A visinha freguezia de S. João da Ribeira usa duma regalia immemorial.
No dia 24 de Junho, em todos os annos a Camara tinha obrigação de, encorporada, ir á igreja parochial da freguezia assistir a uma missa que ella, Camara, mandava celebrar pelo seu capellão.
Os parochos da freguezia prontificaram-se sempre a fornecer paramentos e tudo o mais que é necessário para a celebração do incruento sacrificio.
Este uso ainda hoje existe se bem que deixa de ter o tom de grandeza que antigamente lhe era imprimida.
Para esta celebração a Camara era obrigada a levar a bandeira mas, por o caminho ser longo e aspero era a bandeira guardada numa casa do Arrabalde de S. João, sendo a casa escolhida para este deposito a do dr. Desembargador João de Sá Sotto Maior, hoje da exª srª Condessa de Aurora.
No anno de 1755 deixou de ser depositada nesta casa o que deu logar a uma acção de força intentada por o então proprietário contra a Camara, ficando esta vencedora, pois foi-lhe dada sentença favoravel em 24 de Janeiro de 1758.

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