RIBEIRA, NOVOS HORIZONTES

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Saturday, October 13, 2007

RIBEIRA - NO ESPAÇO E NO TEMPO



Como terá surgido a Ribeira?

Esta é uma pergunta que muitos terão já feito e que incomoda quem não se conforma, querendo saber a razão das coisas.
No entanto, para desespero dessas mentes inquietas e duvidosas, não existe uma descrição ou data precisa, que explique como terá surgido este aglomerado de pessoas, que partilham o mesmo espaço, vivem segundo os mesmos modos e partilham as mesmas tradições.
Sabe-se no entanto, que estas terras que hoje pisamos foram desde tempos remotos ocupadas por antepassados nossos.
Existem relatos, de que as mesmas, sempre despertaram a cobiça de outros povos e civilizações, sendo certo que o seu preço, muitas vezes era o valor da própria vida.
Na Ribeira, existem registos de vestígios que permitem concluir que estas terras foram ao longo dos anos habitadas por muitos e variados povos.
Com as condições naturais, que o relevo apresenta, facilmente o homem antigo, encontrou neste local, os meios necessários à sua instalação e subsistência.
Recuando no tempo até ao período Pré-histórico, encontramos relatos de descobertas que nos dão conta da presença do homem por estas terras.
- Na zona da Veiga de Crasto, mais propriamente perto da capela do Bom Sucesso, o padre Manuel Dias, encontrou um biface de quartezite, que se apresenta inteiramente lascado, com pouco desgaste e cor amarelada, pesando 400gr.
Pertence esta peça ao Acheulense antigo.
- No mesmo local, encontrou um instrumento quase uniface, apresentando-se muito desgastado, também de quartezite e está patinado de amarelo, pesando 500gr.
- No lugar da Cancela, foi encontrado um outro biface, também de quartezite, mas de cor cinzenta, com o peso de 675gr.
Recordemos que os povos nesta época eram nómadas e dedicavam-se essencialmente à caça, de onde obtinham os alimentos e os agasalhos.
No período Neolítico, o homem perdeu a característica nómada, fixando-se em determinados locais, dedicando-se à agricultura.
De caçador, passou a pastor.
Uma das características destes povos era a prática e uso que tinham de enterrar os seus mortos juntamente com os seus objectos de uso pessoal.
Estes sepulcros eram designados por mamouas.
- Perto da Fonte dos Alfanados, no outeiro dos casais, em Crasto, encontrou o padre Cunha Brito, uma mamoua, com 11 metros de comprimento e 3 palmos de altura.
- No Pinhal dos Carreiros, apareceram oito mamouas, tendo a maior de todas, 2 metros de altura e 22 metros de diâmetro.
Na Idade do Ferro, que chegou à península ibérica entre 1000 e 900 A.C. pela mão dos Fenícios e Celtas.
Os povos, neste período habitavam no cimo dos montes, formando Castros.
Os moradores desses povoados, agrupavam-se em tribos e dedicavam-se à agricultura e pastoreio.
Os animais, alem do alimento, forneciam ainda a força necessária para puxar os carros e arados.
A arte deste povo, chegava a confeccionar alguma ourivesaria, de onde se destacavam os Torques, destinados aos chefes, bem como pulseiras e anéis.
Possuíam teares, fiavam o Linho e fabricavam cestos.
Existia já algum comércio, fazendo trocas de produtos entre si.
Eram óptimos guerreiros, usando escudo e punhal.
Os moradores destes castros viviam em luta permanente entre si.

A que raça pertenciam os moradores dos Castros?

Tudo leva a crer que o povo primitivo da Ibéria, denominado de Iberos, foi subjugado pelos Celtas, que eram originários do centro da Europa e da fusão destas duas raças, surgiram os Celtiberos.
Na Grécia e em Roma, este povo era conhecido pelos Calaicos ou Galaicos, conforme surgem em alguns relatos de escritores e viajantes destes impérios que por cá passaram.
Por volta do ano 137 AC, os Galaicos ou Galegos, defrontaram-se com as Legiões Romanas que lhes vieram disputar terras e haveres.
Apesar da forte resistência que foi dada, o poderio do exército invasor, autentica máquina de guerra, o império Romano conseguiu, à custa de muitas vidas, impor o seu domínio, embora a terra estivesse enlameada de sangue.
Os Galegos impuseram aos Romanos derrotas sobre derrotas, espezinhando o orgulho ao melhor exército do mundo.
A resistência foi tão forte e tão heróica, que Décio Juno Bruto, o general terminador da campanha passou para a história com a alcunha do “Galaico”, tal honra advinha de ter sujeitado este nosso pedaço de terra.
Com a chegada dos Romanos à península, sofreram os efeitos da Romanização, surgindo neste período as telhas ou tégulas.
Na freguesia da Ribeira são várias as referencias na toponímia, que atestam da presença romana na mesma.
Desde as obras que deixaram, muitas delas ainda existentes, como as pontes de arco redondo (romano), como a dos Alfanados no Lugar de Crasto, bem como os vestígios existentes na igreja paroquial.
São abundantes os topónimos, derivados da palavra latina “Castrum”:
- O Lugar de Crasto.
- O Castro do Mau vizinho.
Mas encontramos outros que derivam da palavra latina “ Castellum”:
- Monte do Castelo.
O nosso conterrâneo, António Pereira Cardoso, juntamente com alguns seminaristas da freguesia, encontraram no Castro do Mau vizinho, no Monte do Castelo, casas de planta circular, tendo uma delas 7 metros de diâmetro, várias tégulas, pesos de tear, metade de uma mó manual…
Em jeito de conclusão, A freguesia da Ribeira e os montes das cercanias, desde sempre foram calcadas, sulcadas e disputadas por povos que lhe foram dando a forma e a importância que hoje possuímos.

Bibliografia consultada
Maria de Fátima Silva Melo
“Arqueologia do Concelho de Ponte de Lima
Faculdade de letras de Lisboa 1967”
Adelino Tito de Morais
“São João da Ribeira, síntese arqueológica e roteiro de casas antigas
ADERIR, 1991”
José Rosa de Araújo
“Como teria nascido a feira e a vila de Ponte de lima?
Câmara municipal de ponte de Lima e CER – Centro de Estudos Regionais 1985 “

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