RIBEIRA, NOVOS HORIZONTES

Forum de opinião e debate da vida quotidiana da Ribeira

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Location: Ponte de LIma, Viana do Castelo, Portugal

Saturday, June 21, 2008

UMA TRADIÇÃO AINDA VIVA NA RIBEIRA


Açude da levada de Crasto, junto ao moinho de Argemil no lugar da Lagoa

Parte da levada da Crasto, depois das obras de construção da Auto-Estrada A3


Parte da levada de Crasto, perto do Solar da Quinta da Aldeia em Crasto



"A LEVADA DE CRASTO"

A agricultura já não tem a importância que teve e são cada vez menos as pessoas da freguesia que se dedicam a essa actividade.
Mas apesar dessa diminuição da actividade agrícola, ainda hoje se pode verificar uma prática, que remonta aos séculos passados, trata-se da limpeza da “levada de Crasto”.
Bem cedo, logo pelas primeiras horas do dia, no sábado de véspera de S.João, os lavradores do lugar, encarregam-se da tarefa de limpar a levada.
Todas as famílias com direito a regar, tem como obrigação, neste dia, mandar uma pessoa para a limpeza da levada.
Desde as costas, bem junto à veiga, passando pela Cruz de Pedra, Rocha, Semoinhos, seguindo sempre em direcção à Lagoa, junto do moinho de Argemil, onde a água é recolhida e encaminhada para a referida levada.
A levada de Crasto, sempre desempenhou um papel de importância capital na irrigação das terras do lugar de Crasto, ao ponto de ter havido uma morte, no Sec.XX, por causa de uma teimosa e alardisse disputa de águas, a vitima foi, António José de Carvalho, assassinado no dia 14 de Febreiro de 1873 com a edade de 28 anos, conforme o cruzeiro que testemunha o triste acontecimento, colocado no local (Rocha).
A água entra em partilhas, no dia de S. João e a partir desse dia é religiosamente respeitado o tempo que está destinado a cada uma das parcelas regadas por essa levada.
Este complicado sistema de partilha, é digno de um autêntico tratado, pelo que irei dedicar-lhe uma atenção mais detalhada.

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Friday, June 13, 2008

O DIA EM QUE MORREU O POETA VIEIRA LISBOA

Precisamente no dia em que passam 40 anos após a morte do poeta António Vieira Lisboa, " o poeta esquecido", deixo-vos um poema em que ele se referia à sua morte.

Na verdade o poeta morreu ainda novo, ao fim da tarde do dia 13 de Junho de 1968.

Ponte de Lima, nesse dia via partir para o Olimpo, uma das mais belas vozes que tão bem souberam cantar o seu Amor à mulher e ao Lima.

A voz do poeta dos Versos Estranhos, não encontrou ainda nesta terra o eco da sua paixão pela beleza do rio e das suas gentes, bem como ainda não lhe foi reconhecido devidamente o mérito.

Estou certo que não tardará a devida homenagem, bem como a reedição das suas poesias.


Se eu morresse amanhã


Se eu morresse amanhã
diria em minha Aldeia todo o povo:
«Uma pessoa assim tão sã
que pena!... Moço tão novo!»

E a boa gente em triste compostura
iria em passo lento e tom funério
Acompanhar-me à sepultura
do velho Cemitério

E o meu vizinho, filho d’Algo e perro
porque faz pó o meu buick lesto
de fraque preto iria ao meu enterro
cheio de si e do seu gesto.

E Aquela que a sorrir me dilacera
e torna a minha Vida quási
tinha remorsos do que me fizera
se eu morresse amanhã.

Mas eu morro de velho e à passagem
que todos digam em voz alta:
Feliz viagem.
Já não fazia falta.


Do livro: poemas de Amor e Dúvida, livraria Portugália, Lisboa 1941

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Thursday, June 12, 2008

BIOGRAFIA DO POETA ANTÓNIO VIEIRA LISBOA - 40 Anos após a sua morte






ANTÓNIO DA SILVA GOUVEIA VIEIRA LISBOA, filho de António Augusto Vieira Lisboa, gerente do Banco Ultramarino, natural de Ponte de Lima e de Dª Beatriz da Silva Gouveia Vieira Lisboa, natural de Bolama-Guiné, neto paterno de Alfredo Calixto Vieira Lisboa e de Dª Rosa Carolina Vieira Lisboa e materno de António da Silva Gouveia e de Dª Henriqueta Pereira de Gouveia, nasceu em Luanda, na então Província Ultramarina de Angola, ás três horas e vinte minutos da manhã, do dia 20 de Julho de 1907.

Foi baptizado no dia 6 de Maio de 1908, na igreja de Nª Sª dos Anjos, na Cidade de Lisboa.

Foram padrinhos de baptismo o senhor António Maria Vieira Lisboa, casado, Conselheiro, juiz da Relação de Lisboa e sua esposa, a Sª Dª Margarida Vieira Lisboa, segundos tios do baptizado.

A cerimónia foi presidida pelo Revº Prior Francisco Mendes Alçada de Paiva, pároco da Freguesia dos Anjos, na Cidade de Lisboa.

António Vieira Lisboa formou-se em Direito.

Instalado na sua “Casa da Garrida”, em Ponte de Lima, no termo da freguesia da Ribeira, o advogado poeta, começa a sua criação artística, embalado pela natureza limiana que o inspira de uma forma intensa.

Aos 28 de Julho de 1934, casa-se na Conservatória do registo Civil de Ponte de Lima, com Maria Guilhermina Vieira Lisboa, não havendo filhos, o casal acabaria por separar-se, sendo decretado o divórcio no dia 26 de Dezembro de 1944.

A Europa vivia mergulhada numa crise profunda decorrente da 2ª Grande Guerra Mundial e do avanço do poderio Alemão, que explorava os povos dos países que capitulavam diante da máquina de guerra do Fuhrer.

Decorria o Ano de 1940 e nas oficinas gráficas da “Gazeta dos Caminhos-de-Ferro”, em Lisboa eram impressos os exemplares da sua primeira obra literária, Versos Estranhos, que haveriam de ser editados pela mão da livraria Portugália.

No ano seguinte, novamente a livraria Portugália dava à estampa um novo titulo, tratava-se dos Poemas de Amor e dúvida, que foram impressos na gráfica Santelmo, em Lisboa.

Os anos seguintes foram de intensa actividade criativa por parte do poeta, publicando sucessivamente em:

Em 1942, Mulheres (Versos).

Em 1943, Chão de Amor.

Em 1944, Teu Corpo Minha Alma.

Em 1945, Testamento Sentimental.

Em 1946, Bess.

De notar, que as publicações de 1944 a 1946, não chegaram a entrar no mercado.

Em 9 de Setembro de 1947, o poeta Vieira Lisboa, terminava aquela que haveria de ser a sua última criação literária e nada melhor do que tratar os temas que sempre o inspiraram, a Mulher e o Lima.

Ao Longo do Rio Azul, só haveria de ser tornada pública dois anos mais tarde, decorria já o Ano de 1949.

Mas António Vieira Lisboa, não viveu encerrado no interior do seu solar da rua do Arrabalde, os amigos eram presença assídua nos almoços e jantares com que presenteava os seus convidados.

António Vieira Lisboa foi presidente da Direcção da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima, de 1936 a Junho de 1938.

Vieira Lisboa, era um amante da sua terra, da gente e das tradições limianas, não esqueçamos, que era na sua “Casa da Garrida”, onde repousava o touro que em véspera de Corpus Christi, haveria de correr na tradicional “Corrida da Vaca das Cordas”.

Paralelamente à sua criação literária e intervenção cívica, desenvolveu um importante papel na dinamização da agricultura e indústria local.

Vieira Lisboa, nas propriedades que possuía, sobretudo nas freguesias da Ribeira (Quinta dos Fortes, Qt. Bouça, Qt. do Pombal e QTª da Aldeia) e Rebordões (Quinta das Fontes e da Queixadinha), foi pioneiro na introdução de novas práticas agrícolas, bem como na experimentação de novas culturas.

Desempenhou um importante papel na actividade industrial do concelho, ao nível da produção e fabrico de azeite.

António Vieira Lisboa era um homem bom!

As escadas da sua casa da Garrida eram enxameadas por mendigos e pedintes, que aí recorriam para muitas das vezes matarem a fome. Este homem era incapaz de negar a ajuda a quem dele se abeirasse. As crianças, eram a sua alegria e por elas era capaz das maiores loucuras, nunca fez distinção entre os seus meninos e os filhos dos caseiros e demais serviçais.

Já acometido pela doença, casou-se no Hospital de Ponte de Lima, no dia 31 de Maio de 1968, com Maria Libânia M. Vieira Lisboa, com quem teve quatro filhos.

No dia 13 de Junho de 1968, dia de Santo António, pelas 18 horas, os sinos da matriz de Ponte de Lima, anunciavam a triste notícia do seu falecimento no Hospital da Misericórdia, agastado pela doença, o Homem e o Poeta, haviam-se calado para sempre.

Ponte de Lima, via partir tão cedo, uma das vozes que componha o coro daqueles que tão bem souberam cantar o Amor a esta terra.

Não me parece que a dor desta perda tenha encontrado eco suficientemente justo na terra que tanto amou no seu lirismo Limiano.

Vieira Lisboa, merecia mais e Ponte de Lima, continua a dever-lhe o respeito e o merecido reconhecimento pelo seu mérito.



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Saturday, June 7, 2008

AS CAPELAS DA FREGUESIA DA RIBEIRA - Contributo para o seu conhecimento histórico


Interior do Monumento - Capela de Nª Sª de Fátima



MONUMENTO A CRISTO REI
, sobranceiro à igreja paroquial, perfeitamente enquadrado na paisagem, fica o monumento a Cristo Rei, construido em granito da região, mandado erigir pelo padre Revº Manuel Joaquim Gomes durante a década de 60.
No seu interior, encontra-se a CAPELA DE Nª Sª DE FÁTIMA, de quem o padre Gomes era um fervoroso devoto, foi inaugurada no dia 13 de Maio de 1967 e representa a homenagem e devoção da paróquia de S. João da Ribeira a Nª Sª de Fátima no cinquentenário das aparições.
O monumento, só seria concluído anos mais tarde.
Com a chegada à freguesia de um novo pároco, o Revº Padre Eugénio, foram colocados os sinos na torre sineira, concluindo-se assim o sonho do padre Gomes.
Este monumento é hoje uma das referências da freguesia, podendo ser avistado em qualquer miradouro desde Viana do Castelo.


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Sunday, June 1, 2008

AS CAPELAS DA FREGUESIA DA RIBEIRA - Contributo para o seu conhecimento histórico


CAPELA DE SANTA CATARINA, no alto do monte de Sta Catarina, encontra-se, esta capela Medieval, que pertencia ao Povo e tinha Confraria.
Por volta de 1730, foi reformada, pois nesse ano foi pedida licença para a benzer. (1)
Ainda hoje se ouve dizer que os pescadores de Viana se encarregavam de mandar a cal necessária para caiar as suas paredes, pois a mesma servia de “ farol “, pois como se avistava do alto-mar os barcos orientavam-se por ela, quando se aproximavam da entrada na barra.
Hoje, pertence à paróquia, que a mandou restaurar em 2001.
Em 2007, o pároco Eugénio, mandou colocar um calvário em frente da mesma, como corolário das várias estações da Via-Sacra, que foram colocadas ao longo do caminho de acesso à capela.
Actualmente, o povo desloca-se ai para venerar a Santa no dia da festa, ou para desfrutar da excelente vista panorâmica que dais se pode observar, podendo contemplar-se todo o Vale do Lima até ao mar de Viana.

(1) Arquivo Distrital de Braga

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