ANTÓNIO VIEIRA LISBOA - Poeta (1908-1968)
Se eu morresse amanhã
Se eu morresse amanhã
diria em minha Aldeia todo o povo:
«Uma pessoa assim tão sã
que pena!... Moço tão novo!»
E a boa gente em triste compostura
iria em passo lento e tom funério
Acompanhar-me à sepultura
do velho Cemitério
E o meu vizinho, filho d’Algo e perro
porque faz pó o meu buick lesto
de fraque preto iria ao meu enterro
cheio de si e do seu gesto.
E Aquela que a sorrir me dilacera
e torna a minha Vida quási vã
tinha remorsos do que me fizera
se eu morresse amanhã.
Mas eu morro de velho e à passagem
que todos digam em voz alta:
Feliz viagem.
Já não fazia falta.
Labels: Personalidades da Ribeira
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home